sexta-feira, 16 de julho de 2010

DEUS CONDENA A VAIDADE
Temos ouvido não poucas vezes alguém se referir a vaidade como algo que Deus condena ou abomina. Mas o assunto que discorreremos não se trata de saber se Deus condena ou não a vaidade e sim o que significa a vaidade. Realmente Deus condena a vaidade, mas será que esta palavra tem sido analisada à luz da Bíblia?
Quando se fala em vaidade logo se pensa em cabelo, roupas, adornos, jóias e etc. Mas quando analisamos o verdadeiro sentido dessa palavra, entendemos que jamais em toda a Bíblia, se refere ao fato de alguém se embelezar.
A vaidade que Deus abomina é um assunto muito mais abrangente do que certas pessoas querem acreditar. A palavra vaidade passou por um complexo processo de desenvolvimento incluindo as fazes de algo vazio, daí para porções e inutilidade, de ludíbrio e de iniqüidade.
No Antigo Testamento a palavra vaidade aparece mais de cem vezes e foi traduzida de três palavras hebraicas, a saber: 1. Nadab que significa oco, vazio. 2. Hebel que significa inútil. 3. Shaw que significa ludíbrio ou falsidade. Das cem vezes que aparece a palavra vaidade, jamais, em toda a Bíblia significa se embelezar ou andar bem arrumado, com adornos e etc. Ainda que, segundo Salomão, tudo é vaidade, mas no sentido de que tudo passa.
Como vimos acima, ser vaidoso na Bíblia significa ser falso ou idólatra ou inútil e nunca ser cuidadoso com a beleza.
Todos os versículos, tanto do Novo quanto do Velho Testamento que se referem a vaidade, estão relacionados à idolatria, falsidade e coisas vãs que passavam na prova de Deus.
Seguir a vaidade significa seguir a falsidade. Os prazeres passageiros são denunciados na Bíblia como vaidade. A falsa religiosidade também significa vaidade, pois aparenta ser santo por fora, quando na verdade não o é por dentro.
É seguir coisas fúteis, enganosas, inúteis, como a idolatria, a auto-suficiência, o orgulho, a arrogância e tudo aquilo que tem brilho falso.
Quando Israel pediu um Rei, Deus disse a Samuel que o seu povo havia seguido a vaidade, isto é, a idolatria.
O legalismo religioso tem sido combatido pela Bíblia como algo relacionado a vaidade, principalmente no Novo Testamento, onde Jesus condena o farisaísmo, seita judaica que cumpria o protocolo religioso em detrimento da piedade. Encontramos pessoas preocupadas com o estereótipo esquecendo-se do perdão e do amor. Ensinando uma coisa e vivendo outra. Este comportamento se constitui um ato de hipocrisia, portanto vaidade. Menosprezar alguém ou pensar que é mais santo ou mais importante do que outrem é vaidade reprovada por Jesus.
Algumas pessoas tem escolhido o texto de Isaías 3:17 a 26 para provar que Deus condena o uso de perfumes, adornos, roupas caras e etc. Todavia o texto em questão trata de uma cidade representada por uma mulher que seria humilhada, e desta cidade seria tirado seus adornos, mas também sua roupa.
No Novo Testamento temos sete palavras gregas para a tradução vaidade que são: 1. Kenós, que signfica vazio, essa palavra aparece 18 vezes no Novo Testamento. 2. Kenophonia, som inútil, termo que aparece 2 vezes no N.T. 3. Mátaios, "inútil" aparece seis vezes 4. Mataiotes, "inutilidade" 3 vezes. 5. Maten, "em vão" duas vezes. 6. Eikê "à toa" cinco vezes. 7. Doreán "sem preço".
A vaidade, portanto é um termo genérico para coisas vazias. A própria vida se torna vaidade quando não se tem Jesus. Ser vaidoso é ser desprovido de humildade. Jesus classificou o orgulho dos líderes religiosos e a arrogância dos políticos de sua época como síndrome demoníaca de pura vaidade.
Geralmente a vaidade é associada ao adorno e o alvo principal dos acusadores de vaidade é a mulher. Mas para se compreender esse motivo é necessário observar dois aspectos: o cultural e o psicológico.
Em muitas culturas as mulheres são meramente consideradas objetos de possessão do marido. Daí que a ela é vedado liberdade de expressão corporal.
Nessas culturas as mulheres tem sido perseguidas com proibições no uso de alguns adornos e embelezamentos, enquanto os homens podem usar ternos caros e gravatas requintadas. O fato é que, para o machista não lhe é conceptível que a mulher esteja por cima, já que a mulher produzida ou que se expressa corporalmente ganha status, que a faz estar por cima do homem, por se tratar de atração e sedução, algo que chama a atenção, portanto superior. Psicologicamente reprovado para o machista.
Eu fico com a Bíblia e suas recomendações de que não devemos atar fardos pesados nos ombros dos crentes.
A Bíblia é o nosso manual de conduta, por isso devemos nos portar como filhos de Deus no meio de uma geração perversa. Devemos evitar os excessos e trajarmos decentemente. A Bíblia diz que tudo que é puro, tudo que é honesto, tudo que é justo, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor nisso pensai.
Quanto as recomendações bíblicas para a postura da mulher ou do homem no que diz respeito ao traje, devemos ter cuidado, pois existe um abismo cultural muito grande entre a Bíblia e a nossa realidade.
Paulo recomenda por algum motivo social da época que as mulheres não usem tranças, ouro, pérola ou vestidos caros. Cumprir esta recomendação hoje seria absurdo, pois teríamos que proibir o anel de casamento, de formatura, bem como as tranças tão usadas pelas irmãs e teríamos ainda que investigar quanto custou a roupa das irmãs. É como querer obrigar os crentes lavar os pés em dia de ceia e beijar a todos.
Existem mandamentos bíblicos que são eternos, e existem recomendações para a época, como pôr exemplo: Jesus recomendou aos discípulos para evangelizar de dois em dois, não carregar dinheiro no bolso, não cumprimentar as pessoas, não viajar com roupas ou sapatos na mala e etc. Cuidado para não confundir recomendações temporais com mandamentos permanentes. Isto é questão de hermenêutica que podemos discorrer em outra matéria.
Paulo faz recomendação para crentes romanos que jamais faria para judeus ou gregos. Quando fala de cabelo em Coríntias, se analisar ao pé da letra, teremos que afirmar que tanto Paulo quanto João Batista estariam desonrados, já que eles eram nazireus e não podiam cortar o cabelo e as mulheres até hoje teriam que orar de véu.
O apóstolo Pedro recomenda aos crentes a modéstia e ensina no cap. 3 e ver. 3 de sua epístola que no fato de alguém estar bonito ou feio não significa estar santificado, pois a beleza que Deus se agrada é a beleza de o caráter.
Alguns pregadores tem usado erroneamente a história da Rainha Jezabel como referencial para condenar a beleza das mulheres. Todavia não há embasamento bíblico para associar o cuidado da beleza com a prostituição, pois as mulheres honradas da Bíblia usavam adornos e perfumes, veja Cantares 1.10,11. 3.6 e 6.7. Vejam ainda Gênesis 24:47 quando Eliezer presenteia Rebeca com pendentes e pulseiras. O fato de Jezabel pintar os olhos denota a intenção de se parecer com as mulheres dos Reis de Judá, visto que elas tinham esses costumes. No afã de se aparecer com elas, usou Jezabel este artifício para seduzir o Rei Jeú, já que Jeú havia assumido o reinado com a morte de Acabe, sendo ele bem mais novo do que ela.
A artimanha maligna não deu certo, pois Jeú havia matado seu filho Jorão exatamente por ter tolerado a feitiçaria e o culto a Baal na instrumentalidade de Jezabel, portanto não faz sentido associar a prostituição com o cuidado feminino de se embelezar, até porque os valores de costumes sociais oscilam muito de um País para outro, bem como de uma época para outra.
A palavra vaidade passou a significar embelezamento, pelo fato de esconder nossas imperfeições. Um homem bem produzido, limpo, penteado, cabelo cortado, vestido de terno novo com sapatos engraxados é totalmente diferente do mesmo homem cabeludo despenteado vestido só de calção e chinelo. Neste sentido podemos afirmar que somos vaidosos. Lavamos nossos carros, engraxamos nossos sapatos. Olhamos para o espelho antes de sairmos de casa.
Os filósofos sínicos pensavam que o desprendimento das coisas materiais era uma virtude de alto padrão para o caráter de uma pessoa. Os cínicos (conhecidos como filósofos pobres) não se apegavam com as coisas materiais, portanto eram conhecidos como pessoas não vaidosas.
Um desses filósofos, chamado Diórgenes, um dia chegou para Platão que era um filósofo rico e disse: posso limpar meus pés pobres e sujos na sua vaidade, referindo-se a um lindo tapete vermelho que tinha na casa de Platão.
Platão respondeu dizendo: pode limpar a sua vaidade na minha vaidade.
Os Fariseus e Saduceus se preocupavam muito com a aparência exterior, mas Jesus durante todo seu ministério, nunca abordou este assunto por entender que era uma questão sociocultural, e supérflua para salvação.
Chegou a comparar o brilho dos vasos e os sepulcros pintados como o maior exemplo de vaidade na religiosidade judaica. Ele ensinou que a humildade e a decência são comportamentos que desmascaram a vaidade.
MENSAGEM MINISTRADA PELO PASTOR JESIEL PADILHA