quinta-feira, 3 de junho de 2010

APOLOGÉTICA x DIALÉTICA

CONFLITO ENTRE PRÁTICAS E TEORIAS HERÉTICAS

A história da Igreja está permeada de conflito entre práticas e teorias heréticas. A palavra heresia vem termo grego “airesis” que significa escolher facção ou seita e que o Apóstolo Pedro define como abandono da verdade religiosa.
A Igreja medieval no afã de combater heresias procurou manter sentinela para resguardar e preservar os princípios doutrinários que lhes era conveniente. Ela não mediu esforços para mobilizar tropa de choque com vistas a patrulhar e coibir possíveis tendências ideológicas que ameaçassem abalar sua estrutura. Santa inquisição` que deveria se chamar diabólica inquisição, noite de São Bartolomeu e ``caça as bruxas`` foram atitudes heréticas bem conhecidas praticadas pela Igreja. Ocorreu que, essas atitudes heréticas foram instituídas para inibir teorias heréticas.
Aqui estamos diante de um conflito, pois se de um lado a Igreja se preocupou em combater certas tendências, fazendo-as ao estilo sórdido daquela frase bem conhecida ``os fins justificam os meios``. Por outro lado as práticas heréticas não foram combatidas na mesma intensidade com que foram combatidas as teorias.
Em nome da ortodoxia tudo era válido: matar inocentes, torturar, usurpar do privilégio eclesiástico para aviltar os fracos e excluídos, explorar incautos em benefício próprio e usar o nome de Deus em vão para amedrontar adeptos mantendo-os reféns de supertições esdrúxulas para fortalecer o sistema paroquial.
Satanizar situações para tirar proveitos escusos e amedrontar congregados com pretextos infundados, fazia parte do mais forte aparato da Igreja. Inclusive a forma com que a Igreja formulou a doutrina do inferno, i.e., um caldeirão de fogo e enxofre, se tornou um ``negócio da China``. Bastava pagar e o cristão ficava livre do caldeirão.
A ética do cuidado, respeito para com o próximo e as questões sociais não eram importantes, importante era preservar a ``ortodoxia`` a qualquer custo.
As instruções mais sagradas ensinadas por Jesus sobre a ética e a dívida impagável que temos para com o próximo eram negligenciadas em nome
da preservação do credo. E todo esse zelo era mantido por meio de sanções ``anti-heréticas``.
Para uma reflexão a esse respeito, principalmente no âmbito evangélico hodierno, é preciso não ignorar os erros cometidos no passado por aqueles que se diziam detentores da verdade. Esse preâmbulo histórico pode com muita propriedade nos fazer convergir para uma nova atitude diante dos problemas que afligem a Igreja, além de nos alertar para o perigo de combater ``tendências heréticas`` com atitudes heréticas.
Quando deixamos de fazer o bem com pretexto de preservar a ortodoxia, caímos no mesmo pecado do Sacerdote e do Rabino que ao se depararem com o necessitado no caminho para Jericó passaram de largo. Mas o Samaritano que era considerado herege deu a maior demonstração de piedade e temor do Senhor. Quando falamos em nome de Deus para reforçar nossos sistemas ou para garantir nossos interesses e satisfazer nossas manias e crendices, estamos categoricamente usando o nome de Deus em vão, não observando o Art. III do código mosaico.
Quando usamos textos isolados para defender protocolos litúrgicos ou doutrinas pré-concebidas sem o verdadeiro respaldo bíblico, combatemos ``heresias`` com desonestidade, cometendo heresia.
Quando tentamos manipular as pessoas ao nosso bel-prazer ou sobrecarregar alguém com pretexto de que devemos carregar nossa cruz, estamos praticando injustiça.
Quando ameaçamos adeptos ou congregados, quando fazemos acepção de pessoas, ou alijamos pessoas do nosso convívio estamos praticando o sectarismo, atitude herética mais combatida por Jesus.
Quando nossas práticas não passam nem por perto daquilo que pregamos ou ensinamos, somos hipócritas, portanto heréticos. Quando temos tudo e jamais nos preocupamos com os que nada têm, somos egocêntricos, anti-sociais, individualistas e neoliberais no sentido mais pejorativo da palavra.
Quando usamos dois pesos e duas medidas, sacramentando alguns e aliviando outros, estamos praticando injustiça.
Quando priorizamos as questões periféricas em detrimento das essências tornamo-nos pequenos, mesquinhos e covardes por não encararmos os grandes desafios que Deus nos confiou. Ao refletirmos sobre tudo isso chegamos a conclusão que o termo heresia é muito mais complexo e muito mais abrangente do que aquele esposado em inúmeros livros pertinente ao assunto. Concluímos ainda que, não podemos combater tendências pecaminosas por meio de práticas pecaminosas.
Jesus disse: aquele que me ama guardará meus mandamentos e meu Pai o amará e viremos para ele e faremos nele morada. Esses mandamentos estão em duas esferas: a vertical, i.e., os deveres para com Deus e a esfera horizontal, que são os deveres para com o próximo. A omissão ou a não observância de qualquer uma dessas esferas nos condenará para a mesma fogueira, da qual muitos hereges foram queimados.

Pastor Jesiel Padilha de Siqueira

13 comentários:

  1. Caro Pr. Jesiel Padilha,

    Parabéns pela iniciativa deste blog.
    Estou seguindo e também incluí em meu bloglist!
    Confira lá no Point Rhema!

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  2. Pr. Jesiel,

    Fico feliz por se unir a nós nessa poderosa ferramenta de exposição da palavra.

    Seu texto, já causará impacto para os seus seguidores.

    Parabéns!

    Seja benvindo.

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  3. A paz Senhor amado Pr Jesiel Padilha!

    Parabéns pelo blog que começou com uma abortagem necessária de reflexão. Estou seguindo e fazendo como meu amigo Pr Carlos Roberto, colocando em meu bloglist.

    Assim que puder gaça uma visita em meu blog
    http://escrituraemfoco.blogspot.com/

    Em Cristo,

    Luciano Vieira

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  4. ILmo. Pr. Jesiel Padilha.

    A paz do Senhor Jesus;

    Parabéns pela criação desse blog, já estou seguindo, e também colocando em meu bloglist. Tenho certeza que teremos muitas matérias interessantes.

    Um grande abraço;

    Pr. Elias T. Santana
    www.edificadonarocha.blogspot.com

    obs.: ficarei honrado com a visita e comentários.

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  5. A paz do Senhor

    Nobre pr. Padilha

    Seja bem-vindo à blogosfera cristã. Que Deus o use também por esse meio.

    Lendo a descrição de seu blog, pergunto: os servos de Jesus não devem fazer apologética (Fp 1.16; Gl 1.8)?

    Reconhecemos que Paulo fora um fariseu. Todavia, ao escrever aos filipenses e aos gálatas, ele já era nascido de novo. E nesse tempo fazia apologética. O que o senhor diz a nós que fazemos apologética?

    Devemos todos ser apologistas, não? A esse respeito, cabe muito bem o texto do pr. Ciro Zibordi, publicado no site da CPAD NEWS, onde lemos "Apologista é quem faz apologia. Este vocábulo (gr. apología) originalmente designava o discurso pelo qual se defendia, justificava ou elogiava uma doutrina, uma ação, uma obra, uma pessoa, uma religião, etc. Por exemplo, fazer apologia do cristianismo denota defendê-lo. Mas essa defesa deve ser realizada de modo convincente, apaixonado, eloquente, elogioso, contundente, enaltecedor. Não se trata de uma defesa desqualificada, insossa, sem graça. A Palavra de Deus afirma que os apóstolos testemunhavam com poder e que em todos eles havia abundante graça (At 4.33).

    O termo grego apología aparece em Atos 22.1, passagem que apresenta o início do impecável discurso de Paulo aos seus acusadores judeus: “Varões irmãos e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós”. O vocábulo aparece também em vários outros textos neotestamentários (At 25.16; 1 Co 9.3; 2 Co 7.11; 2 Tm 4.16). E, em Filipenses 1.16 e 1 Pedro 3.15, é aplicado, de modo mais específico, com o sentido de defesa do Evangelho. É daí que extraímos o termo “apologética cristã”, a qual não deve ser efetuada apenas pelos que se autodenominam apologistas, mas por todo cristão que esteja preparado bíblica, teológica e espiritualmente (2 Tm 2.15).

    Quer dizer, então, que o Evangelho precisa ser defendido pelos cristãos? Em certo sentido, ele não precisa de defesa, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Por outro lado, o cristão, além de propagador (Mc 16.15), deve ser um apologista, um defensor do Evangelho (Fp 1.16). E isso significa permanecer nele (1 Co 15.1,2), opondo-se às heresias (Tt 1.10,11) contidas em falsos evangelhos (Gl 1.6-12; 1 Tm 6.3,4). No entanto, essa apologia deve ser feita com “mansidão e temor” (1 Pe 3.15), e não com agressividade e desrespeito.

    A apologética cristã precisa de uma boa dose de humor — um elemento capaz de tornar leves assuntos tidos como “antipáticos” pelos desavisados ou incautos — e de linguagem convincente, persuasiva. Paulo, ao combater as heresias dos falsos apóstolos, referiu-se a eles, ironicamente, como “excelentes apóstolos”, instigando os cristãos de Corinto a refletirem (2 Co 11.5,13). Da mesma forma, o patriarca Jó, ante as acusações de seus “amigos”, ironizou: “Convosco morrerá a sabedoria” (Jó 12.2).

    Fazer apologética com humor e persuasão, entretanto, não é o mesmo que imitar o estilo escarnecedor prevalecente na mídia secular, adotado principalmente por José Simão, Casseta & Planeta, CQC, Pânico na TV, etc. A defesa do Evangelho persuasiva e bem-humorada não é zombeteira, caluniadora, ofensiva e meramente denunciatória. Ela deve estimular o cristão a examinar tudo (1 Ts 5.21) e a discernir todas as coisas (1 Co 2.15). Ao mesmo tempo, visa a convencer os promotores de heresias e modismos a abandonar os seus erros (Ap 2.12-29)".

    Um abraço,

    Artur Freire Ribeiro
    http://blogdoarturribeiro.blogspot.com/

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  6. A PAz de CRisto

    Parabens pelo Blog

    Estarei sempre acompanhando

    as mensagens

    em Cristo

    Figueror Melo

    www.figueror.blogspot.com

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  7. Bem vindo pastor Padilha!!!

    paz do Senhor pator.

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  8. Parabéns, por mais este trabalho de divulgação de seus pensamentos teológicos, creio que será de grande importância para todos.

    Pr. Gilberto Corrêa de Andrade
    Presidente Prudente / SP

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  9. Respondendo ao caro irmao Artur Ribeiro, nao critico quem faz apologia, apenas afirmo que teologia nao se firma em cima de apologia, mas da palavra. Devemos sim fazer apologia, mas teologia nao 'e apologia, foi o que eu disse. E concordo com tudo que o irmao escreveu sobre defender a fe crista.

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  10. ILmo. Pr. Jesiel Padilha.

    A paz do Senhor Jesus;

    Desejo o Parabenizar pela criação desse blog, da qual já estou seguindo, e também estarei colocando em meu bloglist. Que Deus te Abençoe muito mais!

    Um grande abraço;

    deixarei o meu blog para uma possivel visita:

    http://valderigomes.blogspot.com/

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  11. Olá! Pr. Jesiel Padilha, Graça e paz da parte do Senhor Jesus...

    Passei para conhecer o seu trabalho; mas desde já, estou te seguindo, com certeza serei muito edificado com o seu conhecimento. Convido-lhe, a conhecer o meu humilde blog, se te convier, siga-me, certamente os seus comentários irão contribuir muito com o meu trabalho.

    Deus abençoe a sua vida, sua família e seu ministério, em nome de Jesus...

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  12. Prezado Pr. Jesiel

    Parabéns pela iniciativa. Que Deus o abençoe grandemente no uso desta ferramenta.

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  13. Caro pastor Jesiel Padilha,

    A paz do Senhor!

    Bem-vindo à blogosfera!

    Que Deus abençoe grandemente o seu frutífero ministério.

    Ciro Sanches Zibordi

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